A temperatura mais alta, o vômito repentino ou mesmo o início de
uma diarreia nos pequenos. Esses motivos levam muitas mães a procurarem o
pronto socorro médico, a qualquer hora do dia ou da noite. Quem nunca pôs em
prática a velha máxima “É melhor prevenir que remediar” que atire a primeira
pedra. A questão é que, às vezes, o “prevenir” significa ter que remediar.
Esses sintomas podem se tornar a oportunidade ideal para o contato das crianças
com doenças realmente graves, presentes em qualquer pronto-socorro.
Como saber, então, como agir, se o “prevenir” pode significar ter que remediar?
Algumas situações são tão graves que não há alternativa, senão levar ao
pronto-socorro mais próximo. Queda com fratura, acidente automobilístico,
choque elétrico, afogamento e tantos outros exigem atendimento imediato. E isso
não é mistério. Mas, e para os outros quadros, talvez mais corriqueiros que os
grandes acidentes, como dores de cabeça e de garganta ou quadro febril?
Podem representar emergência ou talvez urgência?
Nesse contexto, cabe esclarecer o que é considerado urgência e
emergência. Vale ressaltar que são, sim, coisas distintas, embora muita
gente confunda. “A emergência traz consigo o risco de morte iminente. Se não
for feito nada de imediato, a pessoa pode morrer. Já na situação de urgência,
existe a pressa em resolver o quadro do paciente, contudo há possibilidade de
espera por curto prazo”. Quem explica essa tênue diferença é o cirurgião
pediátrico Willy Marcus França.
Segundo ele, na prática, realmente não é fácil discernir um do outro. Quem vai
identificar a gravidade do quadro clínico do paciente é o médico. No entanto,
deve-se tomar cuidado com os exageros. Há casos em que o mais adequado a se
fazer é procurar o pediatra do consultório, que acompanha o desenvolvimento da
criança. “Algumas situações poderiam ser evitadas. Aparecem pacientes no
pronto-socorro em busca de tratamento para coceira na perna, cabelo que está
caindo há meses ou tosse que já dura 15 dias”, diz.
Embora todo tipo de sintoma mereça investigação e tratamento, alguns deles
podem e devem receber um atendimento mais apurado, sem que a criança seja
exposta aos riscos do ajuntamento proposto em um pronto-socorro, especialmente
nas épocas do ano mais críticas, nas quais se tornam comuns casos de gripes,
pneumonias e viroses. “Existe um programa criado por planos de saúde e clínicas
particulares, que desvia o primeiro atendimento para o consultório pediátrico,
mediante agendamento”, lembra Willy. O objetivo desse serviço é desafogar as
visitas indiscriminadas dos pacientes a um local que pode também representar
perigo à saúde, além de tornar o tempo de espera mais ágil.
Recém-nascidos
Se surgem inúmeras dúvidas em como proceder com crianças em geral,
quem dirá com os bebês. “Os recém-nascidos possuem um sistema de defesa às
infecções menos desenvolvido, portanto, eles não devem ser expostos às
aglomerações de pessoas sem necessidade”, alerta o neonatologista, Edson
Oshiro. Avaliar o custo benefício, entre correr para o pronto-socorro e esperar
o dia seguinte, é ainda mais importante, já que a vacinação contra doenças
infectocontagiosas está incompleta nos primeiros meses de vida da criança.
De acordo com Edson, sintomas considerados mais simples merecem atenção
redobrada quando são persistentes nas crianças de todas as idades. “A febre que
perdura, mesmo com a ação de antitérmicos, a diarreia e o vômito com repetição,
por exemplo, são sinais de que a mãe deve levar o filho imediatamente ao PS”.
Por outro lado, casos como falta de apetite, febre sem prostração que não
ultrapasse três dias, tosse sem determinar falta de ar e quadros gripais sem
complicações podem ser resolvidos com acompanhamento no consultório e uma boa
observação.
Se houver dúvidas, a melhor opção é procurar ajuda médica, seja nos
consultórios ou unidades de pronto-socorro e pronto-atendimento, visto que as
crianças têm como característica a rápida evolução clínica em várias moléstias.
Vale lembrar que na busca pela decisão mais acertada, sem negligenciar ou
supervalorizar a situação, o bom senso é sempre o melhor aliado.
Sinais de alerta no recém-nascido:
-> Sucção fraca do seio materno ou ausente
-> Dificuldade para respirar
-> Secreção do umbigo com pus
-> Apatia (estar pouco reativo, “largado” ou “não estar bem”)
-> Diarreia ou fezes com sangue
-> Febre ou hipotermia (temperatura menor que 36°C)
-> Vômitos em grande quantidade
-> Icterícia (cor amarela intensa de pele e dos olhos, mucosa da boca)
-> Cianose (cor azulada da pele e boca)
-> Convulsão
Entenda as diferenças
EMERGÊNCIA: ocorrência ou situação perigosa, de aparecimento
súbito e imprevisto, necessitando de imediata solução.
URGÊNCIA: ocorrência ou situação perigosa, de aparecimento rápido, mas não
necessariamente imprevisto e súbito, necessitando de solução em curto prazo.
O pronto-socorro é o local adequado para o atendimento de urgências e
emergências, já que ambas são situações de alta periculosidade.
Entrevistados:
Willy Marcus França é cirurgião pediátrico e professor da
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC, em Sorocaba
Edson Oshiro é neonatologista e acupunturista
Fonte: Artigo desenvolvido pelo projeto NA MOCHILA, que em
parceria com as escolas oferece uma revista por bimestre aos pais de alunos do
ensino Infantil e Fundamental I. Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.